Vírus da batata Y
(PVY)
- classificação: Potyviridae, Potyvirus
O vírus da batata Y (vírus da batata Y, PVY) está representado na figura 1. A variabilidade biológica e sorológica deste vírus foi estudada principalmente usando estirpes provenientes de "batata". No tabaco, dois tipos de estirpes são convencionalmente relatadas: estirpes moderadas produzindo sintomas do tipo mosaico eas severas que alem de mosaico tambem induzem lesões necróticas. Em muitos paises as estirpes necroticas aparecem em conjunto com as que causam mosaico, sendo que a primeira causa danos mais severos..
Figura 1 |
Além desta distinção das estirpes ou biotipos de PVY de "tabaco" baseada nos seus sintomas, uma outra classificação foi desenvolvida nos EUA que nos permite caracterizar três estirpes do virus de acordo com seu comportamento em duas variedades (genotipos) de tabaco, uma susceptivel (Mc Nair 944) e outra resistente (NC 95) ao nematóide causador de galhas, (Meloidogyne incognita).
De fato, essa classificação foi iniciada após observações realizadas em campo, que revelaram que os genótipos resistentes a esse nematóide manifestavam necrose grave na presença de uma cepa específica de PVY. Assim pudermos definir:
- uma estirpe "MSMR" responsável por sintomas demosaico em ambos genótipos MN 944 e NC 95;
- uma estirpe do tipo "MSNR" que causa "mosaicos" no genotipo MN 944 e sintomas necróticos no genotipo NC 95, em particular nos vasos do xilemas;
- uma estirpe necrótica do tipo "NSNR" causando necrose em ambos genótipos.
A resistência ao nemátodo e a indução de necrose grave na presença da cepa PVY MN originam-se no tabaco devido aos efeitos pleiotrópicos do mesmo gene.
Outras observações sobre a variabilidade da patogenicidade do PVY são relatadas. Assim, uma estirpe necrótica capaz de contornar o gene recessivo va , responsavel pela resistência ao PVY foi demonstrada em uma coleção de cepas "NN" americanas. É chamado de "VAM-B" ( estirpe domutantes Virgem A que quebra a resistencia), porque induz sintomas graves em condicoes de estufa na variedade resistenteao PVY conhecida comomutante da Virgem A (VAM) . Mais recentemente, uma variedade com comportamento semelhante apareceu em campo nos EUA. Estirpes com virulência relativamente comparável também são relatadas em outros países, principalmente na Hungria, Polônia, Itália .Na França, essas cepas foram isoladas de várias zonas de produção, mas é na Alsácia que elas são mais preocupantes. Todas as variedades resistentes ao PVY pertencentes aos três tipos de tabaco cultivado são afetadas, especialmente quando as parcelas de tabaco estão próximas das parcelas de batata ou quando a última planta é cultivada nas entrelinhas do tabaco. Essas cepas também foram encontradas em outros países do continente americano, principalmente no Chile e na Argentina.
O vírus da batata Y é generalizado em todo o mundo e relativamente grave em todos os continentes. A Europa é particularmente afetada por esse vírus. Estirpesnecróticas muito agressivas são relatadas em muitos países do leste, como Hungria, Bulgária e Polônia, mas também do oeste deste continente, na Espanha, Itália e França. A Ásia também é muito afetada por cepas necróticas; sendo relatadas na China, Japão, Coréia e Taiwan. Vários países africanos tambem sao afetados, mas o PVY parece particularmente sério no norte da África, especialmente no Marrocos. No continente americano, a situação parece confusa. Na América do Norte, mesmo que esse vírus seja observado com bastante frequência nos cultivos, as estirpes predominantemente difundidas não parecem ter um poder patogênico comparável ao das estirpes européias. Este não é o caso na América do Sul, especialmente na Argentina e no Chile, onde estão ocorrendo graves epidemias de estirpes necróticas.
Num nivel globalpodemos considerar que o PVY é certamente o vírus mais prejudicial ao cultivo de tabaco. A última pesquisa do CORESTA (Centro de Cooperação para Pesquisa Científica sobre Tabaco) sobre vírus confirma essa situação. O dano resultante desse vírus e, em particular, às cepas necróticas está aumentando em muitos países. As repercussões deste vírus no tabaco do tipo Burley ou Virgínia são refletidas na redução do tamanho e peso das folhas, e na altura das plantas e, portanto, no final das contas, no rendimento. Quanto mais cedo a contaminação ocorre, maior o impacto desse vírus na cultura. Em algumas parcelas fortemente afetadas, já foram observadas reduções de rendimento acima de 70 %, por exemplo, no Chile e na Nova Zelândia. A qualidade química do tabaco colhido também é muito depreciada, sendoobservado um aumento no teor de nicotina, nornicotina, nitrogênio total, nitrogênio insolúvel em ácidos e nitratos. Por outro lado, açúcares redutores, fenóis e nitrogênio solúvel total parecem estar presentes em menor quantidade nas folhas infectadas com PVY.
Embora difícil de quantificar, as perdas econômicas causadas por esse vírus parecem bastante consideráveis.